segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Isabelle

Dia 1
Cena I (Interior Túnel/Noite)

(Nota: Toda a cena é feita sem que nos apercebamos quem (nem se é homem ou mulher), onde (cenário escuro e blur) e o que está a ser pintado(não se percebe nem a pintura feita, nem que foi feita numa carruagem do metro)).

Esta cena começa com um plano do braço de Isabelle, e vê-se a mão que segura uma lata de grafitti, que pinta uma carruagem do metro (Importante: apenas conseguimos perceber que a cor predominante é o amarelo – a imagem do que é pintado é blur, mas percebemos que aquela área está toda pintada). O som do spray é intenso e, de repente, pára quando outro som, o de passos, se sobrepõe. Passados dois a três segundos, esses passos ficam mais fortes e mais rápidos, como se alguém apressasse o ritmo da passada e estivesse mais próximo de Isabelle. Ela, toda vestida de preto, olha para o lado de onde provem o barulho dos passos, enquanto arrruma a lata na mochila preta, que tem atrás das costas, e em câmara subjectiva vemos ao longe um segurança gordo, que começa a correr. O segurança, vendo-a saltar (de novo câmara subjectiva; Nota: o local de onde Isabelle fugiu é mais escuro), por cima de um muro alto, desiste de a perseguir e pára (câmara colocada agora do lado da pintura), em frente ao que foi pintado, e, ao se virar para a câmara, vemos a sua cara de espanto, enquanto se começa a ouvir o barulho ténue de um despertador a tocar.

Cena II (Interior Quarto de Isabelle/Manhã)

Vemos um despertador, cujo relógio aponta as 8 da manhã, a tocar (Nota: o som é o mesmo, mas mais audível do que aquele ouvido no final da cena I). Ao terceiro toque, vemos a mão de Isabelle a pressionar um botão, interrompendo o seu barulho. Isabelle levanta-se e dirige-se à casa de banho, passando primeiro pela aparelhagem, ladeada por cds de música clássica e contemporanea todos organizados por estilo e por ordem alfabética, e liga o rádio (quando liga o rádio a câmara permanece lá e passa para os detalhes do quarto; não vemos Isabelle entrar no chuveiro...apenas o sabemos pelos ruídos). Ouve-se astor piazzolla a tocar e começa a passar o genérico (que dura até ao final da cena III). Enquanto se ouve a água do chuveiro a cair, começamos a ver detalhes do quarto de Isabelle:
(Tudo está meticulosamente organizado: a cama é original e a madeira está pintada de verde; tem um suporte na parede acima da cama com bonecas de trapos, cujas cores estão organizadas numa sequência da cor azul até ao vermelho, passando pelas suas várias transições; existem 4 quadros pendurados, dois à frente da cama e os outros dois nas paredes paralelas à cama; as molduras são simples e correspondem às cores predominantes nos motivos esboçados nos quadros; entre os quadros está uma estante de madeira verde que está separada entre livros de ballet e livros de pintura; acima da estante encontram-se duas fotografias: uma de uma mulher nova vestida de dançarina de ballet com um ramo de flores na mão – tia de Isabelle - e outra de um homem risonho que finge fechar um caixote de lixo com uma tampa: dentro desse caixote está uma menina de cabelo preto que se ri – pai de Isabelle).
Isabelle sai do chuveiro, embrulhada numa toalha preta. Dirige-se à janela e espreita lá para fora, afastando ligeiramente o cortinado, enquanto se penteia com a outra mão (quando se vê o exterior, apartir da janela, utiliza-se a câmara subjectiva). Isabelle avista o merceeiro (que está na merceeria que se encontra mesmo em frente à casa de Isabelle), que a vê, enquanto carregava um saco de alfaces, e acena-lhe. Ela retribui mas depois afasta-se logo da janela. Dirige-se ao roupeiro e abre-o (a câmara foca o armário onde conseguimos visualizar mais abaixo os sapatos todos arrumados de forma meticulosa e por cor e dps temos um grande plano de um conjunto de 5 camisas e mais abaixo de 5 saias xadrês dobradas de forma perfeita: cinzento/amarelo, cinzento/verde, cinzento/castanho, cinzento/azul, cinzento/vermelho). Retira a última das saias e a última das camisas no momento exacto em que se ouve na rádio ‘uma sexta-feira perfeita sem nuvens...’.

Cena III (Interior Corredor/Manhã)

Isabelle passa rapidamente pela tia, a mastigar uma maçã vermelha, que lhe pergunta se ela teve a pintar até tarde, e ela, pela reacção, nao percebe o porquê da pergunta (vemos então um plano da mão dela, a que segura a maçã, que está suja de tinta amarela, numa parte mínima, quase imperceptível). ‘Tu assim não descansas nada...és igual ao teu pai! Devias era retomar as aulas de ballet...só te faziam era bem....isso da pintura dá-te cabo das costas e da minha cabeça’. (NOTA: está mto longo para conversa de corredor).
Isabelle abre a porta e sai fechando-a, despedindo-se da tia já com a porta quase totalmente fechada, demonstrando alguma pressa, enquanto a tia de Isabelle continua a falar subindo o tom de voz ligeiramente e sorrindo depois.

Cena IV (Exterior Casa Isabelle/Manhã)

Isabelle desce a sua rua ainda a comer a maçã, com a câmara a focá-la da cintura para cima, de perfil. Atrás dela, vemos várias lojas, até que ela passa por um stand de automóveis (imagem de carros todos cinzentos escuros e pretos). Câmara foca Isabelle por trás e vemos um homem: Jacinto (de fato e gravata...gravata de cores vivas e pouco apertada) que passa junto a Isabelle no sentido oposto, olhando para ela e olhando depois para trás. Câmara acompanha Jacinto. Ele continua a andar de forma rápida como se estivesse atrasado e de quando em quando corre. Pára na meercearia e compra uma maçã. Aproxima-se depois da estação de metro e recebe um panfleto de uma rapariga que tem uma resma de panfletos na mão. Guarda-o no bolso de trás sem o ver bem. À medida que Jacinto desce as escadas, vai ficando cada vez mais escuro até não se ver nada.

Cena V (Interior Estação Metro/Manhã)

O metro aproxima-se da paragem e desacelera quando se vê luz da entrada na estação (imagem obtida apartir do interior da carruagem do metro que tem o graffitti desenahdo). Jacinto está na estação de metro, quase a tocar com as costas na parede, porque está imensa gente, todos vestidos de cores escuras e cinzentas (plano obtido de cima). As pessoas, que estão quase coladas umas às outras, vão-se mostrando admiradas com o que vêem na carruagem, que vai parando em frente delas. Passamos para câmara subjectiva (Jacinto), que dura até ao final da cena (Jacinto continua no mesmo ponto sem se mover). O metro pára e as pessoas vão-se deslocando, ora para a direita ora para a esquerda para poderem entrar, pelas duas portas daquela carruagem. À medida que as pessoas vão entrando, descobre-se um grafitti enorme, aos poucos, que apanha a carruagem toda (imagem de... ). Jacinto não se move porque, enquanto as últimas pessoas entram no metro e as portas se fecham, ele não tem a visão completa da pintura. Jacinto acaba por perder esse metro.

Cena VI (Interior Banco/Manhã)

Jacinto aproxima-se da sua secretária, tentando fazer o menor barulho possível, e evitando ser visto. Senta-se e liga o computador, que começa a fazer os barulhos normais de arranque, e ele mostra-se receoso e tenta, com as mãos em cima do local de onde provem os sons, reduzi-los. Entretanto, aproxima-se o chefe dele, por detrás de Jacinto, a suar bastante (Importante: todos têm cores cinzentas e pretas com excepção da gravata de jacinto) e faz-lhe uma cara nada amistosa. Jacinto apanha um susto. O chefe dá-lhe uma pasta de papéis (quando a pasta lhe é passada vemos um plano da mão de jacinto onde se vê uma pequena mancha de tinta amarela), que lhe explica ser muito importante, e dá-lhe um deadline para entregar o seu trabalho feito. Quando se prepara para abandonar o local, onde jacinto trabalha, aponta para o relógio de parede (plano do relógio que mostra 9:17h) e diz que esses atrasos são intoleráveis e que muitos matavam para ter um trabalho como o dele. Os ponteiros do relógio movem-se rapidamente até a um minuto para a uma da tarde.

Cena VII (Interior Restaurante Vegetariano/Hora de Almoço)

Imagem foca uma televisão pequena, onde se vêem os últimos 5 segundos para a uma da tarde. Depois, uma jornalista abrindo o telejornal com a imagem de graffitti feita no metro, alerta o fora de normal do evento e dos motivos desenhados.
Câmara foca Isabelle (grande plano), que segura um garfo, e o mantem na boca. abre ainda mais os seus olhos e fica atenta à notícia.
A dona do restaurante e uma cliente discutem sobre o graffitti (plano da tv e delas duas). Uma dela acha uma piada de mau gosto e condena a destruição do património nacional e a outra considera que uma obra como aquelas deve ser vista por todos, e a melhor forma é através do graffitti em locais públicos. A notícia acaba e o som da televisão e das duas mulheres é abafado. Isabelle é de novo focada, assim como a mesa onde está e a porta de saída e tudo gira a alta velocidade (à excepção dela que olha em frente e brinca com a comida) com pessoas a entrar, a comer a sair a pagar. Velocidade de filmagem regressa ao normal e Isabelle tem o seu prato quase cheio. Isabelle arruma os talheres cuidadosamente.

Cena VIII (Interior Escritório Isabelle/Fim de tarde) alternada com Cena VIII A (Interior Escritório Banco Jacinto/Fim de tarde)

Isabelle arruma a sua caneta, que é o prolongamento do movimento de arrumar do garfo, da cena anterior, na secretária. Olha para o relógio de pulso (grande plano do relógio) que marca 18:00h.

Jacinto retira uma caneta de desenho da secretária (do ponto da secretária onde Isabelle arrumou a caneta dela) e arruma dentro de uma pasta preta, que retira da última gaveta da secretária. Pega num conjunto de papéis, dispersos na mesa, e faz um monte desorganizado, metendo-os dentro da segunda gaveta (abrindo primeiro a primeira gaveta mas vendo que estava já demasiado cheia). Fecha a gaveta.

Isabelle abre a gaveta da secretária dela onde se vê tudo organizado. Retira, de dentro, uma capa colorida e levanta-se. De dentro cai um panfleto com o anúncio de uma exposição de arte contemporânea. Ela baixa-se para o apanhar. Plano do panfleto.

Plano do panfleto. Jacinto apanha o panfleto e volta a colocá-lo no bolso de trás. Junta-o aos papéis importantes que lhe foram dados pelo seu chefe e mete tudo na mala preta e dirige-se ao elevador e entra. As portas começam a fechar (imagem de dentro do elevador).

Isabelle mete a mão dentro do elevador, cujas portas estavam quase fechadas, para conseguir entrar (imagem de dentro do elevador). Entra dentro do elevador e a porta fecha (imagem de fora do elevador).

Cena IX (Exterior Rua/Fim de tarde)

Jacinto caminha rua abaixo e cruza-se com Isabelle. Olha para ela (como se já a tivesse visto antes). A câmara, que acompanhava Jacinto, persegue agora Isabelle (conseguimos ver Jacinto a entrar na Univ. Belas Artes). Focagem do olho de Isabelle.

Dia 2
Cena X (Interior Museu/Tarde)

(Quadro possível: Gustav Klint)

Focagem do olho de Isabelle. Isabelle, sentada num banco, olha o quadro (Nota: este é o quadro que encabeça o panfleto), que se encontra à sua frente, e começa a desenhá-lo numa folha. Jacinto aproxima-se, pelo lado direito do quadro, e, sem ver Isabelle, começa a fazer o mesmo. Plano do desenho de Jacinto. Ele só desenhou o cenário e parte do rosto da rapariga do quadro (sem os contornos da face). Quando ia a começar a desenhar os contornos do rosto olha para o banco onde Isabelle se encontrava. Sorri e recomeça a desenhar enquanto olha para Isabelle. Não vemos o que ele desenha apartir daqui. Plano do quadro de Isabelle: a imagem que Isabelle desenhou, está diferente do quadro; tem mais fantasia e dá mais ênfase aos aspectos da natureza; a rapariga parece uma fada. Plano de Jacinto a desenhar os pormenores sem olhar para Isabelle. Quando olha para o lugar, onde Isabelle se encontrava, ela já não está lá. Ele olha em volta. E corre para a saída.

Cena XI (Interior Museu Corredor/Tarde)

Jacinto corre para a saída.

Cena XII (Exterior Parque/Tarde)

Cenas sucessivas em que ele a persegue e vai perdendo-a até chegar à casa onde ela mora...